O sonho de um carro acessível e confiável para pessoas comuns tem sido uma força motriz ao longo da história automobilística. Henry Ford deu um grande passo com seu Modelo T, mas foi o Volkswagen de Ferdinand Porsche que tornou um carro acessível para o homem comum. Um fato pouco conhecido é que o magnésio da Norsk Hydro é um ingrediente importante no Fusca.

Porsche decidiu já em 1934 construir um carro barato e confiável - um carro para o povo - que todos pudessem dirigir. Durante os anos de guerra, o design do Volkswagen foi usado como um veículo militar leve. O Volkswagen preparado para o mercado antes da guerra tinha um chassi totalmente diferente, mas de resto, o veículo militar e o modelo civil eram idênticos.

O motor e a caixa de câmbio foram instalados acima e atrás das rodas traseiras. Isso exigia que o sistema de tração fosse leve para que as rodas dianteiras aderissem adequadamente à estrada. O motor era refrigerado a ar, e o magnésio era a escolha natural para o bloco do motor e a caixa de câmbio. Nesse sentido, a Volkswagen construiu uma moderna fundição de magnésio em Kassel, na Alemanha.

Tanto a fundição quanto as peças produzidas chamaram a atenção e passaram a representar a produção moderna e racional de peças de carros no mundo ocidental. Desenvolveu-se uma estreita cooperação entre a Volkswagen e a Hydro. Um carro pequeno e um metal leve - produzido a partir de rocha, água e calor - uniram-se em uma aliança forte e duradoura.

Magnésio de Porsgrunn

A Hydro construiu uma grande planta de produção de magnésio em Herøya, perto de Porsgrunn, no sul da Noruega, no início da década de 1950; ela foi literalmente construída sobre as ruínas de instalações bombardeadas durante a guerra.

Após um começo cauteloso, a produção cresceu constantemente até atingir um máximo de 50.000 toneladas por ano. Em 1965, a produção chegou a 23.500 toneladas. Cerca de 75% das vendas de magnésio foram para a Alemanha Ocidental, e a Volkswagen era de longe a maior cliente.

Cerca de 20 quilos de magnésio eram usados em cada carro, e metade disso vinha de Porsgrunn. As entregas foram tão grandes nesses anos que a Noruega teve um superávit comercial com a Volkswagen, apesar das altas importações do popular Fusca. A Volkswagen também era um cliente significativo dos serviços de transporte marítimo noruegueses.

36 milhões de carros para o povo

Quando a produção do Fusca foi transferida para o Brasil em 1980, cerca de 36 milhões de "carros para o povo" estavam sendo produzidos a cada ano. De 1951 a 1981, a Volkswagen comprou 60% da produção total de magnésio da Hydro. A colaboração continuou até 1990.

Nos últimos anos, vários outros fabricantes de carros também começaram a usar magnésio; não apenas para blocos de motor, mas agora para uma variedade de peças de carro, onde o baixo peso, a ductilidade e a resistência do magnésio são empregados. A Hydro também está envolvida ativamente no desenvolvimento de aplicações de magnésio em carrocerias de carros, por exemplo, através da empresa Meridien Technologies.

Uma parte significativa da produção de magnésio é para a indústria de alumínio, onde é usada como aditivo de liga.

Desafios internacionais

Apesar do papel de liderança da Hydro no desenvolvimento da tecnologia do magnésio, a empresa decidiu em 2002 fechar sua planta de produção em Porsgrunn e concentrar-se no desenvolvimento de suas instalações em Becancour, no Canadá, construídas no início dos anos 1990. Também estabeleceu acesso ao metal na China.

O fornecimento de magnésio barato da China levou a mudanças significativas na indústria do magnésio nos últimos anos. Os preços despencaram e a concorrência se acirrou para os produtores ocidentais. A diminuição da lucratividade também foi um dos motivos para a decisão de fechar a produção de magnésio em Porsgrunn após 50 anos de operação.