Wesley Trindade e Trindade mora na comunidade quilombola do Juquiri, no município paraense de Moju, desde que nasceu, há 22 anos. Ele é aluno do curso de Química Industrial na Universidade Federal do Pará (UFPA), mas precisou trancar por causa da distância e falta de recursos para assistir às aulas em Belém. Mesmo para fazer um curso no Senai, Wesley precisaria se deslocar de rabeta até a sede de Moju; pegar um ônibus até Abaetetuba e então outro meio de transporte para Barcarena, onde fica a unidade mais próxima do Senai.
Felizmente, a oportunidade chegou até Wesley e esta semana ele recebeu o seu certificado de conclusão do curso técnico de Operador de Munk, realizado na própria comunidade. “Para conseguir uma formação dessas, eu precisaria fazer uma longa viagem e arcar com os custos. Consegui fazer de graça, aqui no nosso espaço. Foi uma experiência bastante nova para mim e tenho certeza de que vai trazer muitos benefícios para a minha trajetória profissional”, comenta.
Wesley é um dos cem alunos quilombolas que receberam certificados de conclusão no município de Moju como parte do Programa de Capacitação Profissional, iniciativa da Hydro em parceria com o Senai, fruto do diálogo com as comunidades vizinhas das atividades operacionais da empresa. O objetivo é oferecer cursos técnicos profissionalizantes para os moradores dessas comunidades, visando deixar um legado de conhecimento e suportar a autossuficiência financeira, contribuindo de forma relevante para o desenvolvimento sustentável. Esse programa está alinhado à estratégia da Hydro de promover o desenvolvimento de habilidades e capacidades com valor compartilhado para o futuro das comunidades.
Para Gil Tavares, Coordenador Técnico Pedagógico do Senai Barcarena, atender as comunidades quilombolas com os cursos técnicos em seu território foi desafiador. “Enfrentamos estradas de chão, montamos um laboratório de informática sobre um trapiche às margens do rio Moju, entre outras superações. Mas o mais importante é a satisfação dos alunos em concluírem um curso de qualificação e estarem preparados para o mercado de trabalho. Vale ressaltar que muitos dos alunos foram contratados por empresas que atuam na região, esse é o principal legado deixado pela parceria Hydro e Senai para as comunidades quilombolas”, conta.
Os formandos receberam certificados nos cursos técnicos de mecânico de manutenção em motocicleta; operador de escavadeira; porteiro e vigia; administrativo; operador de munk e tecnologias digitais. Além do conteúdo prático, os cursos também ofereceram conhecimento teórico, necessários para o exercício da atividade profissional: “Conheci ferramentas como o 5S e as Normas Regulamentadoras (NRs), coisas que me chamaram bastante atenção e vão ser muito úteis”, comenta Wesley.
“Conviver com pessoas diferentes, aprender com professores super acessíveis, muito aprendizado. Este curso foi uma grande injeção de ânimo, sinto que concluo ele como uma nova pessoa. Foi muito gratificante, éramos apenas três mulheres na turma e aprendemos todos juntos. Estou muito feliz”, conta Jaqueline Malcher, do Jambuaçu, que obteve seu certificado como operadora de escavadeira.
De acordo com o gerente de Diálogo & Engajamento da Hydro, Eduardo Bustamante, a ideia não era ter somente cursos voltados para a indústria: “Esses técnicos quilombolas formados no território vão poder fazer outros serviços, então, além da possibilidade de contratação, abre a possibilidade de surgir pequenos empreendedores dentro do território, fortalecendo a autonomia dessas comunidades tradicionais. Só neste ano conseguimos gerar 140 contratações de quilombolas nas obras da empresa na região e com esta formatura chegamos a 205 alunos e alunas com cursos técnicos com certificações que valem em todo território nacional.”
Publicado: 1 de dezembro de 2022